A saúde cerebral pode ser definida como o estado de funcionamento do cérebro nas esferas do aprendizado, sensorial, socioemocional, comportamental e motora, permitindo que uma pessoa realize todo o seu potencial ao longo da vida, independentemente da presença de distúrbios.
Diversos fatores afetam a saúde do cérebro e as interações contínuas entre esses determinantes, além do contexto de um indivíduo, levam à adaptação ao longo da vida da estrutura e do funcionamento do cérebro.
De acordo com a OMS, a saúde do cérebro é um conceito em evolução, atraindo cada vez mais atenção não apenas do setor de saúde, mas também da sociedade em geral. O cérebro e o sistema nervoso central são o centro de comando do corpo humano, controlando as funções conscientes e inconscientes do corpo e, assim, influenciando todos os aspectos da vida.
Quando o órgão é desafiado por doenças ou outros fatores, isso representa riscos significativos não apenas para a saúde e o bem-estar geral de uma pessoa, mas também para o desenvolvimento e a produtividade globais.
Estima-se que 1 em cada 3 pessoas desenvolverá um distúrbio neurológico em algum momento da vida, tornando essas doenças a principal causa de incapacidade e a segunda principal causa de morte.
Além disso, acredita-se que 43% das crianças menores de cinco anos em países de baixa e média renda perdem seu potencial de desenvolvimento devido à extrema pobreza e atraso no crescimento, levando a perdas financeiras e ganhos anuais projetados 26% mais baixos na idade adulta.
Determinantes
No documento da OMS, são apresentadas informações sobre os seguintes grupos de determinantes: saúde física, ambientes saudáveis, segurança e proteção, aprendizagem e conexão social e
acesso a serviços de qualidade.
A OMS defende que a otimização da saúde do cérebro, abordando esses determinantes, leva a vários benefícios, incluindo taxas mais baixas de condições crônicas de saúde. As melhorias incluem redução de impactos neurológicos, mentais, físicos e do uso de substâncias, bem como melhor qualidade de vida e múltiplos benefícios sociais e econômicos.
O artigo demonstra a relevância de otimizar a saúde do cérebro dentro do contexto mais amplo da saúde pública e da sociedade e oferece soluções políticas práticas e direções futuras para o campo, incluindo ações específicas para abordar os determinantes da saúde do cérebro, prioridades contínuas na pesquisa sobre a saúde do cérebro.
O documento é um complemento técnico ao Plano de Ação Global Intersetorial (2022–2030) recentemente adotado sobre epilepsia e outros distúrbios neurológicos.
Recomendações
A OMS defende que os esforços para otimizar a saúde do cérebro devem ser feitos para todos, respeitando os princípios de inclusão e empoderamento.
“É importante ressaltar que as necessidades dos indivíduos podem variar em diferentes momentos de suas vidas, dependendo de suas circunstâncias pessoais e médicas e dos contextos sociais e culturais em que vivem. A saúde do cérebro pode ser afetada por vários tipos de adversidade, e os determinantes da saúde do cérebro estão frequentemente interligados”, diz o documento.
Desigualdades estruturais associadas a causas sistêmicas de discriminação, opressão e marginalização constituem fontes de adversidade em nível macro.
“É essencial enfrentar as adversidades para promover a equidade em saúde, que é alcançada quando todos podem atingir seu pleno potencial de saúde e bem-estar. Além disso, os esforços para otimizar a saúde do cérebro devem combater o estigma, o preconceito e a discriminação enfrentados especificamente por pessoas com experiência de vida e seus cuidadores”, afirma o relatório.
Segundo a OMS, as estratégias para otimizar a saúde do cérebro requerem uma colaboração multissetorial e interdisciplinar que envolva todos os setores da sociedade humana com abordagens integradas e centradas na pessoa focadas na promoção, prevenção, diagnóstico oportuno, tratamento e cuidados, bem como o envolvimento ativo de pessoas com experiência vivida.
Pesquisa
Progressos significativos foram feitos para melhorar a compreensão do cérebro humano e seu papel fundamental na regulação das funções corporais conscientes e inconscientes.
Também temos uma compreensão mais completa do impacto de diferentes determinantes na saúde do cérebro, os mecanismos fisiopatológicos de certas doenças cerebrais e novas opções de tratamento.
No entanto, ainda há muito a ser descoberto segundo a OMS. O documento recomenda o investimento em pesquisa básica, estudos de intervenção, pesquisa de implementação (incluindo
avaliação de sistemas de saúde), além da pesquisa epidemiológica e de custo das doenças neurológicas.
As recomendações incluem melhorias na compreensão da neurofisiologia relacionada ao desenvolvimento e saúde do cérebro, incluindo a compreensão da estrutura, função e desenvolvimento de doenças neurológicas. Além de investigação de novas estratégias para promover a saúde do cérebro e melhorar os mecanismos de resiliência cerebral.
A OMS sugere investimento em melhorias para o monitoramento das intervenções e a aplicação de estratégias baseadas em evidências na prática clínica. Além da busca por dados representativos sobre o desenvolvimento cerebral, deficiências de desenvolvimento e distúrbios neurológicos pelos países.
Fonte:cnnbrasil.com.br