Certamente, você conhece alguém que paga tudo com o cartão de crédito. E para essa pessoa, no geral, isso parece algo bastante positivo, e de fato pode ser, basta gerir bem e não se perder, mas a verdade é que isso é para poucos. Digo que é para poucos, pois a maioria que concentra tudo no cartão de crédito tem a ilusão de controle, isso pelo fato de poder consultar a fatura e, com isso, reconhecer bem os gastos. Mas te pergunto: quantos, de fato, fazem isso? Toda semana, todo mês? Pois é, não é isso que vejo, mas vejo pessoas que com o salário que deveriam custear as despesas do mês corrente, usam boa parte desse dinheiro para pagar as despesas do mês anterior, com o pagamento da fatura do cartão que chegou E aí vem a questão, onde está o controle, de fato? Por que colocam tudo ou boa parte no cartão? Se for para ganhar milhas, será que estão fazendo a gestão dessas milhas? Ou as milhas vencem e nem se dão conta disso? A questão é que milhas é dinheiro, pois serve de moeda de troca para emissão de passagens, aquisição de vários itens e mais, por isso, se as milhas estão vencendo, o dinheiro está escapando.
Certamente, você também conhece alguém que não usa o cartão de crédito para nada. É mais difícil conhecer alguém nesse perfil do que o primeiro aqui citado. E se a pessoa chegou ao ponto de não usar, é porque teve alguma experiência que ajudou nessa decisão, ou mesmo percebeu de outra forma que isso não é bom para ela. E de fato, vejo que as pessoas têm mais controle no débito, pois usam o que tem disponível realmente, e não jogando para frente no crédito, parcelando de forma pouco consciente.
Nos dois casos, são escolhas, mas poderia haver um meio termo, o uso consciente do cartão, em que você parcela apenas compras estratégicas, de maior valor, como uma televisão, máquina de lavar, entre outros itens. Desta forma, dificilmente, você vai acumular uma grande quantidade de compras parceladas, afinal estamos falando de itens que não se compra todo dia, nem mesmo todo ano, e nessa linha de ação, você pode até acumular em algum momento um valor um pouco maior na soma das parceladas, mas não chega a perder o controle, pois a quantidade delas não será grande, e isso te ajuda no acompanhamento delas, na gestão.
Sigo falando do uso consciente, equilibrado, de forma que se tenha segurança de que os gastos do cartão não totalizarão uma fatura que levará boa parte do seu salário no começo do mês, fazendo assim com que rapidamente você fique sem dinheiro e precise novamente recorrer ao cartão e acumular mais gastos nele, vivendo num ciclo vicioso.
Não é fácil, mas totalmente possível mudar, não tenha dúvidas disso, mas a consciência, a percepção dessa necessidade e a atitude para fazer acontecer depende de um certo alguém. Não deixe para depois, comece já. Você não precisa ser mais um dos tantos que vejo com dívidas e que, no geral, o que levou para esse caminho foi um cartão de crédito mal utilizado.
Fonte: Leandro Trajano