Na busca por uma nova colocação profissional desde julho, o analista de marketing Pedro Barbério, 23, vê com bons olhos a redução do desemprego ao menor nível da série histórica. “Esse número me anima na procura por uma vaga. É uma notícia que considero muito importante não só para mim mesmo, mas para a sociedade”, declara. A percepção de Barbério é a mesma compartilhada por especialistas do mercado de trabalho

O que aconteceu
Taxa de desemprego é a mais baixa da história para o mês de julho. A última divulgação da Pnad Continua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que 6,8% da população está desempregada – 7,4 milhões procuraram sem sucesso por uma colocação profissional no trimestre encerrado em julho, menor valor da série iniciada em 2012.

Cenário auxilia os profissionais que procuram por posto de trabalho. “O momento é propício para quem busca um novo emprego”, reconhece Cíntia Britto, diretora de recursos humanos da Aurum. “Essa taxa de desemprego beneficia, porque as pessoas têm uma opção”, reforça Hélio Zylberstajn, professor sênior da Faculdade de Economia da USP (Universidade de São Paulo).

Concorrência é vista como problema na busca por nova colocação. Recém-formado, Barbério menciona dificuldade para ser contratado na área de formação e avalia que as empresas buscam por profissionais com mais experiência. “Eu até encontro vagas disponíveis, mas a concorrência acaba dificultando”, lamenta o analista de marketing.

“Como sou recém-formado, talvez as empresas procurem por alguém com muita experiência.”
Pedro Barbério, analista de marketing

Trabalho como motorista de aplicativo classifica Barbério como ocupado. Por exercer a atividade para complementar a renda após a saída do emprego anterior, o analista de marketing não é considerado desempregado. A definição da Pnad vale apenas para aqueles que não completaram pelo menos uma hora inteira em trabalho remunerado no período de referência da pesquisa.

Salários melhores
Análise salarial ajuda a entender melhora do mercado profissional. 
Os últimos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram uma proximidade da remuneração paga aos profissionais contratados (R$ 2.161,37) e desligados (R$ 2.232,45). Zylberstajn explica que a proximidade entre os valores cria uma “pressão salarial” e evidência o bom momento do mercado de trabalho nacional.

“Quem está entrando no mercado está ganhando praticamente o mesmo de quem está saindo. Estamos próximos do esgotamento da força de trabalho, o que torna o ambiente favorável para quem quer mudar de emprego.”
Helio Zylberstajn, professor especialista em mercado de trabalho.

Momento positivo também é propício na luta pelos reajustes salariais. Com o mercado de trabalho aquecido, os trabalhadores ganham voz na disputa por melhores remunerações. “O cenário atual permite que os profissionais comprovem seu valor e negociem melhor e tenham mais poder para decidir se a oferta salarial é aceitável ou não”, reconhece Britto.

Cenário já foi observado nas últimas negociações salariais. Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), 86,7% dos reajustes ofereceram ganhos acima da inflação aos profissional em agosto. Por outro lado, aumentou a proporção de resultados que não repuseram as perdas (de 7,4% para 10%).

Fonte: UOL Economia
20
 de setembro de 2024