Lucio Capelletto, presidente da ABBT, que entregou as propostas ao vice-presidente, Geraldo Alckmin, estima que as medidas podem levar a um corte nas tarifas de 25% a 30%
Empresas de vale-alimentação e vale-refeição estão propondo ao governo federal duas medidas que preveem o corte nas taxas cobradas a estabelecimentos comerciais que aceitam os cartões de benefícios. O tema foi levado ao vice-presidente Geraldo Ackmin ontem pela Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), que representa 21 companhias do setor, incluindo as gigantes VR, Pluxee (ex-Sodexo), Alelo e Ticket.
As propostas incluem uma redução de tarifas para pequenos estabelecimentos que aceitam vales. Além disso, há a possibilidade de redução nas taxas para bares, restaurantes, supermercados, mercearias e lanchonetes que comprem insumos de agricultura familiar ou produtores que tenham o selo de sustentabilidade do Ministério da Agricultura.
Lucio Capelletto, presidente da ABBT, estima que as medidas podem levar a um corte nas tarifas de 25% a 30%. Segundo ele, as taxas médias cobradas pelas empresas de benefícios aos estabelecimentos variam de 3,5% a 4,5%.
— O objetivo é que isso dê um alívio aos estabelecimentos. Se vai se refletir no preço ao consumidor, esperamos que sim, mas não podemos garantir — afirma.
As duas proposições também foram levadas à pasta da Agricultura, e serão apresentadas ao Ministério do Desenvolvimento Agrário na próxima semana. A associação diz aguardar uma agenda com a Fazenda. Individualmente, as empresas também apresentarão as medidas ao governo, com detalhamento dos números, caso a caso.
A iniciativa da associação acontece menos de um mês após o ministro Fernando Haddad anunciar a regulamentação da interoperabilidade e da portabilidade dos vales operados pelas empresas no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT).
Para o governo, as mudanças devem aumentar a concorrência no setor, o que beneficiaria os trabalhadores, com efeito sobre os preços dos alimentos.
A proposta também é defendida por setores como a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que sugeriu ao governo o pagamento ao trabalhador em dinheiro, via Caixa Econômica Federal.
Para as empresas que operam os vales, porém, essa possibilidade é um “ataque ao PAT” e coloca em risco a alimentação dos trabalhadores
— O vice-presidente teve compreensão do que apresentamos e entendeu que a interoperabilidade é a solução, permite que o trabalhador use o benefício em qualquer estabelecimento, o que pode gerar uma concorrência saudável entre os estabelecimentos — afirma Capelleto. — Se for pago em dinheiro, o valor pode acabar indo para produtos não alimentícios, como celular, tênis, cigarro, bebidas alcoólicas ou apostas esportivas. Isso preocupa. O vale é carimbado para comida.
Fonte: Jornal O Globo
21 de fevereiro de 2025