Há anos trabalhando com planejamento financeiro, percebi que as pessoas se endividam e se enrolam na vida financeira por motivos diferentes, mas que tem fatores em comum que levam a esse “fim”, o que não necessariamente é o fim da linha, mas que evidencia a hora de dar um basta com o objetivo de cuidar melhor da saúde. As finanças desorganizadas, com dívidas, prejudicam bastante a saúde, o bem estar e as relações e, claro, até mesmo o trabalho, pois a falta de foco, pela dor de cabeça de não proporcionar a segurança, saúde, alimentação e educação pros seus, termina não deixando a pessoa tranquila, consequentemente isso afeta a produtividade e, naturalmente, impacta o resultado do trabalho, o que traz um risco ainda maior.
É isso, amigos, uma vida financeira desorganizada afeta no relacionamento, no trabalho e na saúde física e mental. Não estou aqui para julgar, mas para refletir sobre isso, pois cada um é impactado de forma diferente, cada um reage de uma forma diante da mesma situação, mas, convenhamos, de dívidas ninguém gosta.
Retomo aqui o que gostaria de trazer logo no começo para você, que há anos trabalhando com planejamento financeiro, percebi que as pessoas se endividam e se enrolam por motivos pessoais muitas vezes diferentes, mas que tem algo em comum que termina levando muita gente a perder o controle das finanças, é o mau uso do cartão de crédito, observem bem! Não é o cartão de crédito em si, mas o mau uso dele que leva muita gente a se enrolar e se perder. Quando bem utilizado, o cartão de crédito é uma excelente ferramenta, não tenha dúvida disso.
O crédito em nosso país é concedido de forma muito aberta, e sinceramente, acho que de forma irresponsável, pois possibilita as pessoas alavancarem a sua vida financeira, tendo acesso a muitas compras e gastos, utilizando não os seus recursos, mas o crédito que tem, isto é, o cheque especial (outro que merece grande atenção e cuidado), e os tantos cartões de crédito que muitos conseguem tirar sem maiores dificuldades.
E aí vêm as possibilidades, como você deve saber, o pagamento das compras que pode ser através do crédito rotativo (com pagamento na próxima fatura) ou o pagamento parcelado (que no cartão de crédito já chega a ser oferecido em 24 parcelas). Aí já viu, se não tomar cuidado e começar a acumular as compras parceladas, o peso pode ser insustentável. E com isso o parcelamento passa a ser da fatura que não teve o seu valor total pago, ou mesmo um empréstimo pessoal a fim de pagar a fatura do cartão, o que pode ser bom, pois tem juros menores, mas o fato é, de um lado ou de outro, são mais dívidas, e agora já fora de controle.
Mas o que fazer diante dessa situação? Destaco aqui alguns pontos importantes. Quem não tem o domínio para o bom uso do cartão de crédito, precisa ter a consciência de que é melhor priorizar o débito e os pagamentos em espécie, e não sair pendurando tudo no crédito. Não vale a pena o risco e jogar tudo pra estourar no mês seguinte. Para muitos, a saída é deixar o cartão de crédito em casa, tendo em mãos um cartão que seja só com a função débito e até mesmo andar com o dinheiro, com base no que previu gastar pra cada saída, evitando o uso do cartão de crédito. Tem, assim, um limitador natural, em que você só pode usar o que tem na carteira ou na conta, desconsiderando a possibilidade de entrar no cheque especial.
Por sinal, vale ressaltar aqui que se você não quiser ter cheque especial, pode tirar junto ao seu banco, você não é obrigado a ter um valor disponível no cheque especial.
Outra possibilidade que acho válida e que vem ganhando espaço, mas proporcionalmente ainda é pouco utilizada, é a do cartão de crédito pré-pago, onde você “carrega” um valor nele e vai usando aos poucos, o que também limita os seus gastos e impulsos, já vi à venda em filas de supermercados por exemplo.
Sabe aquele sonho que você tem, o desejo de fazer uma viagem, comprar ou trocar de carro, fazer uma reforma em casa? Ele pode ser realizado, depende de você e de mais ninguém. Mas pra isso acontecer, você precisa mudar alguns hábitos, equilibrar melhor as despesas, conter o impulso em determinadas compras e plantar de agora o que deseja viver alguns anos pra frente, pois o que você e eu vivemos hoje, está muito conectado com o que plantamos anos atrás, e isso se chama construção. Com isso, não quero dizer que não vá viver e curtir o hoje, é importante viver o presente, curtir hoje e amanhã, mas de forma equilibrada pra que depois de amanhã não seja só lembranças e frustração por não ter as mesmas condições.
Fonte: Leandro Trajano / Organização financeira