Muitos hábitos de consumo mudaram em 2020. Com a pandemia do coronavírus, adaptação foi a palavra-chave que moldou os hábitos da população que, diante de um cenário de angústia e ansiedade, procurou por meios confortáveis e seguros de viver. Para as empresas, é essencial acompanhar os desejos do consumidor, para que juntos, ambos consolidem um futuro positivo. A Euromonitor realizou sua pesquisa anual em mais de cem países, e listou as dez tendências globais de consumo para este ano. Com lançamento exclusivo à Casual EXAME, a pesquisa trouxe resultados desde a digitalização das empresas, aos hábitos de bem-estar dos consumidores.
1. Reconstruir melhor
Além dos lucros, os consumidores acreditam que as empresas devem olhar para a saúde da sociedade e do meio ambiente, não apenas utilizando menos plástico, como era a prioridade para os consumidores antes da pandemia. Os consumidores vêem com bons olhos como as empresas se posicionam com a saúde e o bem-estar dos funcionários, assim como o auxílio que dão às comunidades locais. O ativismo de marcas se voltou para o social e as empresas que se dedicarem em uma produção mais verde e apoiarem seus funcionários, terão um retorno positivo da população, e logo, financeiramente.
2. Desejo por conveniência
O planejamento de saídas para compras aumentou. Afinal, sair de casa se tornou um risco de contaminação. Assim, o agendamento de atividades cresceu, não só para reservas em restaurantes, mas também em lojas, academias e eventos sociais. As compras e agendamentos online unem conveniência e segurança aos consumidores. Mas, dependendo da faixa etária, a aceitação tecnológica varia. Assim, empresas devem se adaptar ao perfil de seus consumidores, que sentem falta das conveniências das lojas físicas, e da liberdade de visitar as lojas a qualquer momento.
Para manter uma experiência “normal” ao visitar restaurantes e lojas, como antes da pandemia, tais locais dispõem de códigos QR para um atendimento mais rápido e sem interação física, mas ainda assim dentro do ambiente. Locais que prezam por segurança, e que proporcionem uma experiência de compra agradável ao consumidor, terão prioridade na escolha dos clientes.
3. Oásis ao ar livre
Aos que puderam trabalhar de casa e desembolsar um aluguel a mais, consideraram sair das áreas populosas para morarem nas zonas rurais. Os “oásis ao ar livre” vieram não só como uma solução diante dos riscos sanitários, mas também com fins recreativos, com foco na saúde física e mental. “Este cenário vem sendo aceito cada vez mais, e pode se consolidar com a maior abrangência do trabalho remoto”, segundo a pesquisa. Dados da Euromonitor revelam que 64% dos profissionais acreditam que o home office será permanente, já que mais da metade (52%) dos consumidores se deslocavam para o local de trabalho por pelo menos 5 dias da semana no início de 2020.
Empresas saíram das salas de reuniões para promoverem atividades ao ar livre. Assim como restaurantes, cinemas e academias, buscam espaços abertos ou verdes para atenderem seus clientes, que atraem não só pela segurança, como também pela estética.
4. Realidade Figital
O modelo híbrido da união do mundo físico com o digital foi incorporado por diversos segmentos, como a moda com seus desfiles online, no trabalho com reuniões remotas, e o entretenimento, com realidade aumentada e realidade virtual em shows e jogos. Com smartphones, é possível realizar diversas interações sociais como as que aconteciam na realidade física. O comércio digital por meio de smartphones vem crescendo e tomando lugar, aos poucos, das compras feitas por PCs. Crescimento de marketplaces e entregas rápidas, geram uma experiência positiva ao consumidor, que acaba aderindo às compras online.
5. Otimizando o tempo
Segundo a Euromonitor, os consumidores precisam pôr na balança quais atividades são mais importantes para serem realizadas. Assim, cabe às empresas proporem soluções para atender os desejos do consumidor e otimizar o tempo. Algumas dessas propostas são: flexibilidade no atendimento e serviços próximos às casas dos clientes. Em comparação à 2017, dentre as três principais prioridades dos consumidores, ter “tempo para atividades pessoais” saltou de 22% para 51% em 2020. Com isso, as jornadas de trabalho tendem a ser mais flexíveis, e empresas terão que se adaptar aos serviços com 24 horas de disponibilidade.
6. Inquietos e rebeldes
A má comunicação, junto à desinformação são fatores que desgastam os consumidores. Aliado a isto, está a desconfiança aos líderes políticos, que cresceu, e governos vêm sendo atacados cada vez mais. Nos Estados Unidos, 17% dos entrevistados afirmam confiar no governo, já no Chile, este número é de apenas 5%. Para os próximos cinco anos, os entrevistados vêem as mudanças climáticas, os perigos do mundo, e conflitos políticos como fatores que afetarão suas projeções pessoais.
Enquanto as redes sociais são um meio de divulgação de informações verdadeiras e falsas, as empresas precisam focar em propagandas em seus sites, que não façam parte de redes negativas, para que não percam a confiança e credibilidade dos consumidores. Segundo a Euromonitor, em 2020, 37% dos consumidores compartilharam seus dados com empresas para receberem ofertas personalizadas.
7. Obsessão por segurança
Álcool em gel e máscara de proteção se tornaram itens essenciais em 2020. Na América Latina, quase 40% da população higieniza as mãos pelo menos cinco vezes ao dia. Assim, consumidores esperam que não somente eles estejam precavidos e seguros, mas que as empresas garantam que os receberão com segurança. Além disso, pagamentos sem contato se tornaram essenciais nos últimos tempos. Segundo a Euromonitor, pelo menos 20% dos consumidores pagam suas compras através do celular diariamente, e 44% dos consumidores aceitariam receber suas compras em casa por um drone ou robô.
Álcool em gel: produto se esgotou em boa parte das farmácias físicas, enquanto demanda no online também subiu mais de 4.000% no ano passado (iStock/Getty Images)
8. Abalados e reflexivos
O bem-estar se tornou uma prioridade na vida das pessoas. Segundo a pesquisa, para os consumidores, ter uma “boa saúde” significa o bem-estar psicológico (65%), seguido por uma boa disposição (61%), uma boa noite de sono e ausência de doenças (60%), e um peso saudável (59%). Para eles, a depressão e a saúde mental possuem um impacto moderado ou grave em suas vidas. Assim, as pessoas estão buscando cada vez mais especialistas para identificarem suas dificuldades psicológicas. A demanda por produtos que desenvolvam habilidades manuais também cresceu, assim artesanatos, cursos onlines, instrumentos musicais e até brinquedos e games vêm sendo grandes alvos de compras.
9. A ordem é pechinchar
Os gastos com supérfluos diminuíram devido às incertezas na economia. Segundo a pesquisa, 49% dos consumidores pretendiam, no início do ano passado, economizar mais durante o ano. Assim, as empresas precisam se adaptar em oferecer produtos de qualidade com um valor acessível. Comprar agora e pagar depois vêm sendo um modelo útil às marcas, já que menos pessoas saem de casa e podem testar os produtos. Além disso, as marcas estão oferecendo descontos em produtos considerados supérfluos, para que atraiam os compradores moderados, e aumentem seus lucros no curto prazo.
10. Novos espaços de trabalho
Não foram só os escritórios que mudaram em 2020, além do ambiente, o vestuário, os gastos com tecnologia e os hábitos alimentares foram influenciados pelo home office. Para controlarem o tempo de início e fim da jornada de trabalho dentro de casa, as empresas precisam apoiar os funcionários, atendendo as necessidades de produtividade e comunicação, assim como incentivar melhores práticas no home office.
A ida a um restaurante durante a pausa para o almoço, uma reunião em um café perto do escritório, pendências a serem resolvidas no horário do almoço foram eliminadas durante a pandemia. Consumidores estão gastando mais para simularem estas experiências dentro de suas casas, e cabe às empresas se adaptarem em modelos que funcionem nesta rotina.
Repensando o futuro
Os consumidores se tornaram exigentes, ansiosos e criativos. Para 2021, as empresas precisam se adaptar para oferecer soluções acessíveis, com uma remodelação dos espaços físicos, focando áreas externas e verdes, e em sistemas online de pedidos, que garantam a segurança dos clientes.
Experiências virtuais facilitam a vida dos consumidores, assim, as tecnologias como códigos QR para a leitura de cardápios em restaurantes, pagamentos sem contato, e serviços de click and collect geram segurança e conveniência que os consumidores desejam. Porém, nem só o distanciamento social é exigido, é necessário manter uma comunicação empática e apoio ao bem-estar psicológico das pessoas através dos meios digitais. Refletir os anseios dos consumidores em produtos e serviços, é uma forma de garantir a fidelização destes.
Fonte: exame