O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse nesta terça-feira (1) que o mercado de petróleo no mundo vive um novo paradigma. Segundo ele, as previsões dos analistas apontam que em duas décadas haverá queda significativa de combustíveis fósseis.
“Esse mercado está sofrendo ataque dos dois lados: do lado da oferta, representado pela indústria que não é nada tradicional, e do lado da demanda, representado pelo crescente interesse em se reduzir o consumo de combustíveis fósseis”, disse.
Segundo o executivo, as projeções do mercado petroleiro apontam que haverá um pico de consumo dos derivados de petróleo entre 2030 e 2040, que será seguido por uma queda brusca da demanda. “Há um declínio da participação do petróleo no consumo de energia no longo prazo”, apontou.
Parente palestrou na sede da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Com auditório lotado, ele falou sobre o mercado de petróleo e sobre o Plano de Negócios e Gestão da Petrobras.
Ao destacar o novo paradigma do setor, o executivo não apontou quais são as estratégias da Petrobras para enfrentá-lo. No entanto, ressalvou que “o ambiente regulatório tem avançado bastante recentemente, mas ainda tem espaço para melhorar” e, assim, favorecer a ampliação dos negócios do setor no país.
Às vésperas da divulgação dos resultados financeiros do segundo trimestre deste ano, a Petrobras passa pelo chamado período de silêncio, em que é vedada a divulgação de dados referentes ao desempenho atual da companhia bem como das estratégias de atuações futuras.
O presidente da estatal enfatizou, no entanto, a melhora da saúde financeira da Petrobras desde 2014 até o fechamento do primeiro trimestre deste ano, quando registrou lucro de R$ 4,45 bilhões, revertendo o prejuízo de R$ 1,25 bilhão registrado no mesmo período do ano anterior.
Parente enfatizou, sobretudo, a redução da dívida da Petrobras desde que assumiu a presidência da companhia. “O legado de tudo que aconteceu na Petrobras até 2014 se traduz em uma dívida que chegou a mais de US$ 100 bilhões em termos líquidos. Esse valor correspondia a 70% da dívida de todos os estados brasileiros”, apontou.
Conforme divulgado em maio pela companhia, o endividamento da empresa foi reduzido em 4% do patamar em que se encontrava em dezembro de 2016. Além disso, o fluxo de caixa da companhia no encerramento do primeiro trimestre deste ano ficou livre pelo oitavo trimestre seguido.
Produção de petróleo
Em sua palestra, Pedro Parente apontou para o dado divulgado nesta segunda-feira (31) pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) de que pela primeira vez a produção de petróleo no pré-sal ultrapassou o volume extraído de campos do pós-sal no país.
“Se na área de exploração e produção temos uma competição já bastante relevante. O mesmo já não acontece na área de importação”, disse. Segundo o executivo, a Petrobras é responsável pelo refino de 99% do petróleo extraído no país. Já em termos de importação a estatal responde por 49%. “Ou seja, os terceiros já respondem por 51% das importações”.
Parente ponderou que nos últimos dois anos se observa um crescimento muito rápido no nível de importações. “Essa questão do marketing share [participação no mercado] para a Petrobras tem se transformado frequentemente em tema das nossas considerações quando estamos discutindo a nossa política de preços”, disse.
Fonte: G1.com