Conhecer o próprio perfil ajuda o jovem a investir nos pontos fracos para melhorar e escolher empresas com as quais se identifique de fato. Embora pareça óbvio, essa ainda é a maior dificuldade de estudantes em formação ou que acabaram de sair da faculdade e buscam uma oportunidade nos concorridos programas de trainee.

 

“A preparação básica é um processo de autoconhecimento, para que o jovem identifique no que ele é bom, quais aspectos precisa desenvolver e quais empresas combinam com o perfil dele”, afirma a gerente executiva da Page Talent, Manoela Costa.

 

A mesma orientação é dada pela gerente de recrutamento da consultoria Robert Half, Isis Borge. “Um ponto no qual as pessoas pecam é não saber qual o objetivo de carreira e o cargo que ela busca. E quando a pessoa é mais jovem, ela acaba se candidatando a uma vaga sem estudar a fundo o que a empresa faz ou quais as atribuições da vaga e, assim, acaba atuando em uma função que não condiz com o que ela quer”, explica.

 

Isis recomenda que os jovens sem experiência profissional conversem com amigos, parentes e pessoas próximas que possam ajudar a entender melhor o próprio perfil, com os pontos fortes e fracos. “Pedir esse feedback ajuda o candidato a evitar clichês na hora de se definir, como confundir qualidades com defeitos”, citou a gerente da Robert Half, lembrando o tão comentado “meu defeito é ser perfeccionista”.

 

Para a gerente de recursos humanos da Unilever Brasil, Joana Rudiger, mesmo nos casos em que os jovens estão mais seguros de quem são e o que desejam, a falta de prática ao elaborar essa descrição também pode atrapalhar nos processos de seleção. “Esse conhecimento de si próprio passa por elaboração. Muitas vezes pedimos para a pessoa falar sobre ela, elaborar esse perfil e ela não sabe ou tem dificuldade”, comenta Joana.

 

Preparo. Depois de fazer esse exercício de autoconhecimento proposto pelas especialistas, a recomendação é conhecer, de fato, a empresa na qual se pretende trabalhar. O conselho, que sempre figura em textos de orientação aos profissionais, não apenas os interessados em trainee, ainda se faz necessário, afirmam as profissionais. 

 

“Conhecer bem a companhia, mas não é só ver o relatório financeiro e de sustentabilidade. É conhecer a empresa por dentro, ler as notícias, acionar vários canais de comunicação, procurar pessoas e ouvir histórias de quem trabalha ali”, indica Joana Rudiger, da Unilever.

 

Como hoje em dia está mais fácil ter informações sobre a empresa, o nível de exigência sobre os conhecimentos também está crescendo. Manoela, da Page Talent, recomenda que os jovens procurem sites como o Love Mondays, onde a reputação das empresas está disponível, e façam contatos pelo LinkedIn com profissionais que atuam ou já trabalharam na companhia de interesse.

 

“É possível procurar não só o perfil da empresa no LinkedIn, mas conhecer o perfil das pessoas que vão fazer as entrevistas, além de procurar quem trabalhou lá”, diz Manoela.


Fonte: Estadão