A importância e a complexidade das relações entre educação e desenvolvimento sustentável colocam este tema no centro dos debates políticos contemporâneos. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, aprovada em setembro de 2015 na Cúpula Sustentável das Organizações das Nações Unidas (ONU), contempla nas suas diretrizes e metas a dimensão ambiental articulada às dimensões sociais e econômicas, na busca de um equilíbrio que favoreça o atendimento das necessidades das gerações atuais e futuras. Nessa perspectiva, a Agenda 2030 destaca a educação entre seus 17 objetivos, como direito humano universal e de responsabilidade do Estado e fator estratégico no desenvolvimento sustentável.
Cuba, que desde o triunfo da Revolução em 1959, atribui à educação um papel central no seu projeto de desenvolvimento sustentável, foi um dos países signatários desta agenda, e tem assumido o compromisso na sua implementação, sendo considerado pelos órgãos de acompanhamento da ONU o único país que atingiu completamente as metas definidas. O XI Congresso Internacional da Educação Superior, realizado em Havana, no início de fevereiro deste ano, refletiu esse quadro. O lema desse Congresso foi “Universidade e Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, no centenário da Reforma de Córdoba”.
Os debates e exposições ocorridos possibilitaram uma maior compreensão da visão de Cuba sobre a importância de a universidade, em articulação com as organizações sindicais dos trabalhadores em educação, assumir o compromisso de contribuir para o desenvolvimento sustentável e a implementação da Agenda 2030 em Cuba. A exposição da engenheira Niurka María González Orberá, secretária-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Educação, Ciência e Esporte (SNTCD) ressaltou que “os objetivos do desenvolvimento sustentável colocam um novo cenário que requer uma nova forma de atuar e a redefinição do papel dos atores que delas participam, entre eles as universidades e os sindicatos dos trabalhadores em educação”.
No entanto o acompanhamento desta agenda demonstra que a maioria dos países não tem assumido o compromisso para sua implementação. Embora tenha havido alguns avanços — a exemplo da China que, incorporando a Agenda 2030 no seu plano internacional, já obtém significativas melhorias na questão ambiental —, os problemas ambientais sociais e econômicos da atualidade são de extrema gravidade.
No 18º Congresso Internacional da Federação Internacional dos Sindicatos da Educação (Fise), ocorrido em início de março deste ano, tive oportunidade de, na minha exposição, defender que a Fise e suas entidade filiadas incorporem nos seus planos de luta a cobrança do cumprimento da Agenda 2030 nos projetos de desenvolvimento dos países e que, nos objetivos educacionais das novas gerações, esteja a conscientização sobre a importância do desenvolvimento sustentável e inclusivo, com valorização do trabalho.
Enfim, este contato com educadores e sindicalistas de muitos países reforça nossa convicção de que, em que pese a conjuntura extremamente adversa pela qual passamos, um mundo melhor é possível. E que é fundamental que as organizações sindicais de trabalhadores em educação contribuam para o avanço da consciência de que, como educadores, somos os responsáveis por educar as gerações presentes e futuras, conquistando mentes e corações para a luta pelo desenvolvimento sustentável e inclusivo, na busca por uma sociedade mais justa e igualitária.
*Maria Clotilde Lemos Petta é vice-presidente da Confederação dos Educadores Americanos (CEA), diretora do Sindicato dos Professores de Campinas e Região e coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee)
Fonte: Portal CTB